Independência, que bonita que é...

>> sábado, 17 de julho de 2010


"Dom Pedro vinha a cavalo, chegou perto do riachão, parou, ergueu-se nos estribos (alguns dizem que ele apeou, mas eu acho que montado fica mais glorioso), e arrancando do ombro as fitas portuguesas proclamou a Independência.

E independência é uma coisa tão bonita, que deu feriado até hoje. É bonita para um país. É maravilhosa para uma pessoa. Então, por que não sermos nós também rainhas do nosso reinado, cortando, num Grito do Ipiranga, o bendito cordão umbilical? Não é fácil, como não o foi para Dom Pedro, mas é uma tremenda vitória pela qual os outros acabam sempre nos respeitando. Uma vitória que pode ser o começo de coisas muito importantes.

Eu ainda não estava na faculdade, e já pensava nisso, em como e quando ia sair pela vida carregando meu próprio corpinho. Mas a heroína da classe não era eu. Eram as duas noivas, que desde o início do ano exibiam alianças e certeza no futuro, enquanto as outras, menos afortunadas, batiam as estacas da sua segurança na escolha de um bom rapaz, namorado firme.

Não era costume, não ficava bem uma moça de família pensar em independência. Certo era casar cedo e definitivamente, ingressando na única profissão digna de uma mulher, louvável carreira de esposa e mãe.

Pois é. Mas aqui estou eu hoje, esposa e mãe respeitabilíssima, e mais, profissional reconhecida na praça, com algum trabalho realizado e um monte de trabalho pela frente, cheia de curiosidades e alegria, tranqüila dona do meu nariz.

E das noivinhas, o que foi feito? Não sei, porque nunca mais ouvi falar delas, mas é fácil imaginar. Por isso sorrio dos "não fica bem", e me tranqüilizo: os hábitos, esses hábitos, estão mudando rapidamente, e logo não haverá riachos que cheguem para tantas mulheres darem seu grito."

(Marina Colasanti, do livro ‘A Nova Mulher’)

beijos

1 comentários:

pensandoemfamilia 18 de julho de 2010 às 23:00  

Olá Maca

Penso que não existem mais riachos. Os tempos mudam e as mulheres continuam desbravando seu lugar ao solo. Porém, ainda temos algumas que se sentem culpadas por não dedicarem tempo integral aos filhos, desejosas de cumprir o mandato familiar anterior.
Na minha história de família, eu fui a única que caminhou neste sentido. Lembro das minhas irmãs, tendo que optar entre manter os estudos ou casar.

bjs.

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