Duna branca, lua imensa, Maria deita nua e branda como as nuvens que a lua enleita. Duas tranças, uma flor e Maria enfeita
suas mansas curvas cheias que a areia aceita.
Era noite de verão, vi o amor nascer num sorriso seu. O luar me convidou, o mar nos temperou e ela me envolveu...
Nessa rede ela prendeu minha dor civil, minha solidão. Nessa rede eu vi nascer minha liberdade.
Tua rede, minha sede, e o amor te trouxe... Quero ver o mar salgando teu seio doce... E em cadeias de amor puro viver guardado... Joga areias do futuro no meu passado.
O físico e professor titular da USP, Shigueo Watanabe, lança nesta segunda-feira o livro “Os Primeiros Imigrantes Japoneses”, que faz parte das atividades da Comissão da USP para a comemoração dos 100 anos da imigração japonesa no Brasil.
O evento acontecerá na Cidade Universitária a partir das 18h.
O professor autografando o primeiro livro.
O professor, sua esposa Renate e o Júlio (meu marido editor)
O professor e o Júlio (ele fica sempre assim - super feliz - a cada lançamento)
Rodolfo acorda e sem nem saber que horas são, entra no banho.
Enquanto a água morna cai sobre seu corpo esguio de 35 anos, pensa na sua
vida.
Até poucas semanas atrás poderia até sentir uma dor no peito de saudade,
mas lentamente ela se esvai. A pessoa com quem planejara passar o resto da vida
já não faz mais parte dela.
Sofreu? Sim, muito, mas enquanto ele pensava em romantismo, café na cama, flores,
músicas que faziam sonhar, passeios de mãos dadas, ela pensava em músicas
sertanejas, dançar solto e fazer carreira internacional e pra isso tinha
largado tudo aqui, inclusive o namorado, pra fazer um curso de 2 anos no
exterior.
Rodolfo até que tentou continuar o romance; apesar das diferenças, gostava
muito dela, então depois de um mês que ela tinha ido, viajou ao seu encontro.
Ao vê-la já percebeu que era a última vez que a tinha nos braços como
namorada e quando se despediu nem quis olhar para trás.
Saiu do banho, colocou uma roupa confortável e já ia saindo pra tomar o
café da manhã quando olhou pela janela. A garoa intermitente parecia uma nuvem
de fumaça. Desistiu de sair, preparou um café e resolveu ficar no apartamento.
Abriu a grande caixa que tinha ficado pra ele quando os pais se mudaram da
grande casa, onde ele e a irmã passaram a infância, e se mudaram para um
apartamento no litoral. Tinham cansado da capital.
A irmã não quis nem olhar para aquele monte de LPs, CDs e o toca discos.
Não queria nada jurássico. Ele, ao contrário, adorava ouvir Roberto Carlos que
tinha sido o “rei” da sua mãe e os Beatles cantando Yesterday, que tinha sido a
canção de seu pai.
Escolheu aleatoriamente um CD e começou a ouvir “Eu sou aquele amante à
moda antiga, Do tipo que ainda manda flores; Aquele
que no peito ainda abriga, Recordações de seus grandes amores...
Seu rosto entristeceu ao ouvir:
“Hoje senti que é bem melhor
Não haver nada entre nós
Daqui pra frente
Pois você nunca percebeu
Tudo que eu quis lhe dar de meu
E se alegrou ao pensar que iria
encontrar um amor só seu, que pensasse como ele, e gostasse das mesmas coisas.
“Canto somente o que não pode mais se
calar
Noutras palavras sou muito romântico”
Luisa guardou o carro na garagem e
subiu para o seu apartamento. Queria tirar logo a roupa que estava toda molhada
por causa da chuva. Não era uma chuva forte, era mais uma garoa, mas no trajeto
entre a faculdade e o carro ficou ensopada.
Ela não era mais uma garota pra estar
numa faculdade, muito pelo contrário. Já tinha terminado a sua havia muito
tempo, assim como tinha terminado também seu casamento, e aposentado do
trabalho no ano anterior. Enquanto pensava na aposentadoria, resolveu pensar
também no que poderia fazer depois e resolveu fazer uma outra faculdade.
Escolheu o Direito, e estava agora no último semestre. Achava que assim, caso
estranhasse ficar desocupada, teria uma profissão por conta própria.
Não sabia ainda se iria exercê-la. Não
gostava da maneira de pensar da maioria de seus colegas. Ela era romântica
demais para tantas palavras duras e frias que ouvia.
Seu casamento terminara um pouco também
por causa disso. Seu ex-marido era médico, e quando contava casos, era com
tamanha frieza que ela, mesmo depois de 20 anos de casada ainda não se
acostumara. Quando ele se envolveu com outra médica em um congresso, um caso
passageiro como ele confessou quando ela descobriu, Luisa lhe virou as costas
sem olhar para trás.
Passou um tempo tentando se acostumar
com a nova vida de solteira. Saia com as amigas do trabalho, mas logo cansou.
Achava que os homens tinham mudado muito. Ela era uma pessoa educada e gentil, e
eles confundiam isso com sinais de liberdade, e o convite pra cama acontecia no
primeiro encontro.
Ela que sonhava com lindos passeios de
mãos dadas, de receber flores no dia seguinte, de preparar ou ganhar café na
cama, ficava decepcionada com os encontros onde nada disso
acontecia.
Depois de trocar de roupa, e já
desistindo de sair por causa da chuva, resolveu fazer o que mais gostava: ouvir
música e logo começou a sonhar.
“Esse amor demais antigo
amor demais amigo
que de tanto amor viveu
que manteve acesa a chama
da verdade de quem ama
antes e depois do amor
e você amada amante
faz da vida um instante
ser demais para nós dois
Era assim que imaginava um romance.
“Você não
sabe quanta coisa eu faria
Além do que já fiz
Você não sabe até onde eu chegaria
Pra te fazer feliz” .....
Imaginava a
cena: Apaixonados, ele a convidaria para um jantar em sua casa. Ela, passaria o
dia pensando na roupa que iria usar – principalmente as íntimas – faria o
cabelo, as unhas, demoraria no banho, cremes, perfume, maquiagem, batom e ao
chegar lá e colocar o pé para dentro da casa uma música começaria a tocar e ele
lentamente a pegaria pelas mãos e começariam a dançar.
“Someday, when i'm awfully low
when the world is cold
i will feel a glow, just thinking of you
and the way you look tonight
oh but your lovely
with your smile so warm
and your cheeks so soft
there is nothing for me, but to love you
just the way you look tonight…”
E
na manhã seguinte ouviria junto com ele
“Este amor é prá nós
A loucura que trás
Esse sonho de paz
E é bonito demais
Quando a gente se beija
Se ama e se esquece
Da vida lá fora...
Cada parte
de nós
Tem a forma ideal
Quando juntas estão
Coincidência total
Do Côncavo e o Convexo
Assim é nosso amor
No sexo......
Ouve mais algumas músicas, percebe que está com
fome e se lembra que não teve tempo de comprar nada para o almoço. Liga para
uma amiga para almoçarem juntas mas a amiga além de já ter almoçado (também, já
eram 14h45 pensa, olhando para o relógio) estava longe. Resolve ir para a
cantina que tem na esquina ao lado do prédio.
Cumprimenta os garçons e os chama até pelo nome,
pois há muito tempo frequenta o local. Senta-se na mesa que gosta; num canto ao
lado da janela e de lá, enquanto espera o prato pedido, fica observando a
pequena praça, onde sempre alguns pretendentes a artistas se apresentam em
troca de alguns trocados. Hoje é uma estátua humana toda azul, aproveitando o
sucesso do filme Avatar.
Rodolfo atende o telefone e diz não ao amigo que
queria ir a um barzinho comer alguma coisa e ouvir música sertaneja. Prefere
almoçar sozinho e como sempre faz nesses momentos, vai para o restaurante italiano
que fica a uma quadra de onde mora. O garçon cumprimenta-o pelo nome, mostra um
lugar vago, ele agradece, senta e começa a observar as pessoas, e, de repente
seu olhar se fixa num ponto e ele se pergunta:
- E se começar a chover novamente, será que toda
essa pintura azul do corpo do Avatar sai facilmente ou ele vai embora antes
disso?
--------------------------------------------------------------------------------------------------- Dois pares de olhos buscando o amor, olhando fixamente para um ponto na multidão. Vamos torcer para que esses olhares se cruzem, se olhem, se gostem, se amem e........ deixem a vida correr lá fora?
Férias.................. Essa palavrinha é mágica não é? Então, a semana que vem (dia 15) é o meu aniversário, e nessa data eu gosto de viajar. Na infância eu quase não tive festas de aniversário (acho que não era costume). Depois, já crescida, fiz algumas, como a do ano passado, que eu convidei o mundo todo para festejar comigo. Mas este ano resolvemos (marido e eu) viajar e aproveitar o Dia dos Namorados e o aniversário. Vamos "brincar" de viver. Não é bom? Bem, tudo isso é pra dizer que não estarei por aqui na semana que vem. Vou tentar deixar alguns posts programados, mas não estarei presente nos blogs de vocês. Mas eu me conheço; sei que voltarei morrendo de saudades e aí eu mostro as fotos (de quase tudo) e converso com vocês ok? um beijo
"Se minha mulher caísse de amores por um arquiteto ou um advogado, acho que eu ainda poderia competir"
QUANDO ME PERGUNTAM "e aí, tudo bem?", eu respondo que sim, "tudo ótimo", mas é mentira. Não está tudo ótimo, está tudo péssimo: faz um mês, minha mulher se apaixonou pelo Keith Richards -e não tenho a menor ideia do que fazer.
A paixão foi despertada pela biografia do guitarrista, que eu mesmo, num desses irônicos maus passos da vida, lhe dei de aniversário. Cazzo, como eu ia imaginar que o livro do mais feio dos Rolling Stones, aquele ex-pirata bexiguento, pudesse fazer brotar em minha amada -uma moça fina, discreta e, até então, equilibrada- semelhante sentimento?
Não foi amor à primeira vista. No começo, ela ficou chocada. Enquanto lia, esticada no sofá, fazia caretas: "Nossa, que horror, ele comprou meio quilo de heroína!", "Uau, que imbecil, ele jogou uma faca no produtor!", "Que isso?! Ele deu um tiro no chão do hotel, porque o Charlie Watts tava fazendo barulho no quarto de baixo!".
Aos poucos, contudo, vi em seu rosto o asco se transformando em admiração, a delinquência sendo interpretada como liberdade. "Olha isso: eles voltavam de uma festa, muito loucos, lá na França, pegavam o veleiro do Keith e iam tomar café da manhã numa ilha!", "Putz, ele não tinha casa, morava cada semana com uma groupie diferente!".
Eu, da minha poltrona, um livro aberto no colo, um copo de Coca Zero na mão, a léguas de distância de groupies, heroína, facas e veleiros, apenas ouvia, apreensivo.
Ninguém é menos Keith Richards do que eu. Nunca briguei. Não discuto nem com flanelinha. Aventura, para mim, é ir até o Sesc Belenzinho, num domingo.
Se minha mulher caísse de amores por um escritor, por um arquiteto, um advogado, eu teria uma margem de manobra, talvez conseguisse mostrar que sou mais legal do que o outro, mas como competir com um cara que, aos 70, quebra a cabeça caindo de um coqueiro -e só se dá conta do estrago uma semana depois?
Será que era esse o tipo de homem que ela esperava que eu fosse, desde que nos conhecemos, há quatro anos? Será que, enquanto eu me esforçava para usar corretamente os talheres e não falar de boca cheia, ela sonhava com brigas de cadeirada e moshes de três metros de altura?
Quinze dias atrás, cansado de sofrer calado, não deixei que ela terminasse de me contar sobre uma suruba em Ibiza, em 1971; virei minha Coca como se fosse Jack Daniels e perguntei, na lata: "Você está a fim desse cara?". Passado o susto, ela assumiu. "Tô. Um pouquinho."
No bar, diante de uma cachaça, ouvi os consolos de um amigo. Essas paixões platônicas são muito comuns, me garantiu. Confessou-me que ele mesmo, ano passado, caiu de amores pela Lady Gaga. Depois esqueceu. Um conhecido nosso, disse-me, quase enlouqueceu com a Lídia Brondi na reprise de "Vale Tudo". "Pensa no lado bom: antes o Keith Richards do que o Capitão Nascimento, né?" Verdade.
Em breve, ele jurou, minha mulher terminará de ler a biografia e a paixonite sumirá, provando que três simples acordes de guitarra jamais abafarão a bela sinfonia que, ano após ano, lentamente, estamos compondo. Torço para que isso aconteça. (E para que Keith Richards resolva, qualquer dia desses, subir novamente num coqueiro).
Texto de Antonio Prata, publicado na Folha de São Paulo, caderno Cotidiano em 25/05/2011
Uma mulher com + de 30, feliz com o marido e filhos, que adora viagens, livros, cinema, TV, que mesmo não sendo do meio, ama decoração, moda, enfim, adora VIVER.