Blogagem Coletiva - Sentimentos - Perdão

>> sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O perdão é a economia da alma...
O perdão poupa a despesa da raiva, o custo da ira e o desperdício de energia.
(Hannah More)

Ela estava se arrumando para sair e tinha tomado uma decisão: Iria acabar com tudo. Não dava mais para continuar nessa situação.
Não se perdoava por aquele sentimento. Ela estava amando loucamente um ...... homem casado.

E pior, ela tinha um namorado.
Começara o namoro há uns 3 anos, se dizia apaixonada, ele era um cara muito legal, um pouco bravo, às vezes, teimoso, mas era muito dedicado. Gostava de estar com ela embora, diferentemente dela, não gostasse de viajar. Isso cansava, ela insistia, ele ia, mas geralmente reclamava.
Um dia precisou fazer um curso pela empresa que trabalhava, e lá, entre tantas pessoas, estava ele. Ar jovial, inteligente, brincalhão, olhos de Rodrigo Santoro, ele também a notou, conversaram, fizeram o curso juntos e terminaram .........na cama. Alguma coisa nele a fazia sonhar, cantar, a fazer planos (sem o namorado), a se sentir linda, amada, mas tinha um enorme problema.
Ele era casado.
Depois da primeira vez juntos e algumas outras que se seguiram, ele foi contando sobre sua vida. Tinha se casado muito novo, se arrependeu logo depois, e estava querendo mesmo se separar, embora não tivesse realmente tocado no assunto. A mulher fingia nada perceber.
Mas agora, depois de tê-la conhecido, tinha se apaixonado e tinha certeza de que ela era a mulher de sua vida. Só precisava de um tempo.
Enquanto isso foram se vendo, a paixão aumentando, e ela precisava tomar uma decisão. Iria terminar. Terminar com quem? Com os dois seria mais lógico, afinal não estava certo o que vinha fazendo.
Um dia, saiu disposta a terminar também com o amante, já que iam se ver, e já que ele também não tomava uma decisão; mas ao vê-lo percebeu que não conseguiria, ele era tudo o que ela mais queria e assim se amaram mais uma vez.
Chegando em casa teve uma inesperada surpresa; o namorado estava esperando por ela. Encabulada, sem saber o que dizer, deu uma desculpa, entraram pra conversar, ele parecia saber o que tinha acontecido, esperava, ela enrolava, mas de repente resolveu dizer que queria terminar o namoro. Ele não queria aceitar, perguntava o porquê, ela quase falou, mas não queria contar que tinha se apaixonado por um cara casado. Disse que tinha percebido que já não era amor o que sentia por ele, choraram, ele entendeu e disseram adeus.
Ela percebeu então que tinha sido melhor assim. Não queria enganá-lo, não se perdoava também por ter feito isso, mas não tinha resistido ao charme do amante.
Tinha que pensar em sua vida agora.
Dias depois, ligou para o seu amor e disse que gostaria de vê-lo, estava com saudades, e queria contar uma coisa, mas só se fosse pessoalmente. Ele respondeu que podiam ir almoçar, pois ele também tinha uma coisa para contar.
Se encontraram no almoço, maior respeito entre eles, já que estavam num lugar público, se cumprimentaram com um beijo no rosto, sentaram na mesa que o garçom indicou, ela ansiosa queria saber o que era que ele tinha pra contar, e ele disse pra ela falar antes (às vezes seria melhor que não fosse primeiro as mulheres) ela o encarou e disse:
- Terminei o meu namoro. Não agüentava mais essa situação, as mentiras (embora não tivessem sido muitas, ela pensava) e também porque não me sentia bem. Foi melhor assim.
Silêncio. Os dois mudos. Passado um tempo ele fala:
- O que eu precisava contar, era que..... puxa, nem sei como dizer. Ela olha, sorri, pede para que ele conte e ele gaguejando diz:
- Eu vou ser pai, mas.......
espera, vendo a cara de terror dela, nada vai mudar entre nós, eu te amo, só que...... Ela interrompe,
- Como assim, você vai ser pai e nada vai mudar? E essa cara de felicidade que eu estou vendo, é o quê? Meu Deus, como isso foi acontecer? (era uma pergunta idiota, ela sabia disso, assim como sabia como é que tinha acontecido, claro). A garganta foi fechando, as palavras não conseguiam sair. Não sabia onde olhar. Ela tinha sido enganada todo esse tempo? Como não tinha percebido? Não, não era possível, ele a amava, ele .... os pensamentos iam e vinham, percebeu ele falando algo sobre DIU, não entendeu, ela precisava sair dali, não queria, mas precisava.
Falou que não iam se ver mais, ele disse que não, que precisava dela, que não iria suportar a dor de perdê-la, mas nesse momento ela não ouvia nada. Em sua cabeça só a frase: Eu vou ser pai.
Foi embora pra casa chorando, ligaram da empresa pra saber dela, deu uma desculpa, não atendeu o celular e não apareceu pra trabalhar por mais 3 dias. Estava mal, inconformada, triste, se sentindo traída, humilhada, enganada.
Ele não podia ter feito isso, pensava. No final de semana uma amiga em comum a procurou e sem saber do que estava acontecendo (era segredo entre eles) perguntou, no meio de uma conversa se sabia que o fulano ia ser papai. Ela disse que sim, que tinha ouvido falar, e ainda sem olhar pra amiga perguntou, como quem não quer nada, se a gravidez tinha sido planejada. Era muito feio fazer isso, mas ela precisava saber. A amiga respondeu que, tinha ouvido a mulher dizer que era uma coisa que eles queriam muito e que então ela tinha até parado de tomar pílula. Por outro lado, seu marido tinha lhe contado outra história: tinha dito que as coisas não eram bem assim, que ele não queria filho no momento, mas que tinha acontecido e que ele estava muito feliz.
Fofocas, puras fofocas, pensou.
O tempo ia passando, ele ligava, ela não atendia, mas o sofrimento não diminuía. Ela o amava, disso tinha certeza. O que fazer então? Matriculou-se em cursos, tirou férias, viajou, tentou encontrar alguém, mas logo depois de algumas conversas, desistia.
Soube, através de amigos, que a filhinha dele nasceu, sofreu mais uma vez, e um dia quando estava quase se interessando por outro alguém ele lhe telefona. Queria vê-la e pedia por favor que fosse encontrá-lo. Ela disse não. A saudade era muita, mas se um dia ela não se perdoou por ter se apaixonado por ele, hoje não o perdoava, por tê-la enganado.
Ele tentou mais uma, duas, mais umas duzentas vezes, até que ela cedesse.
Ele marcou num barzinho à noite (coisa que ela se surpreendeu).
Quando ela chegou, nervosa, mas ansiosa, ele já estava lá. Abraçou-a muito forte como que querendo compensar pelo tempo que não tinham estado juntos. Ela se deixou abraçar, saudosa que estava daqueles braços, daquele cheiro.
Ele então contou que estava se separando da mulher, embora a filha tivesse só um pouquinho mais do que um ano, mas que não conseguia viver uma vida com uma mulher que já não amava há muito tempo e que só queria uma coisa: Viver com ela.
Ela chorou sem entender o porquê, afinal era tudo o que mais queria. Combinaram de se ver novamente, mas somente quando ele já estivesse saído de casa, pois ela não queria mais encontrá-lo às escondidas.
Não demorou 15 dias e ele ligou que já estava procurando um apartamento. Reencontraram-se e começaram então a namorar. Dois meses depois já estavam morando juntos e mais um tempo ele já começou a levar a filhinha para o novo apartamento.
Ela estava feliz, ele continuava a ser o homem que ela tinha conhecido, mas alguma coisa ainda pegava, ela se sentia incomodada, como se algo ainda não tivesse sido dito.
Um ano depois, na mesa do jantar e depois de ter absoluta certeza ela lhe conta:

Está grávida.
E o sorriso que ele dá, o abraço apertado e o grito dele dizendo: Eu vou ser pai....... novamente, a faz lembrar de um momento assim vivido antes.

E então, como num passe de mágica ela entende tudo, e o perdoa, de coração, pois percebe que, naquele dia, naquele momento, a alegria de ser pai era maior do qualquer outro sentimento que ele pudesse estar sentindo e vivendo.

A alegria de ser pai era tudo, como agora.

Ela também o abraça feliz, com o coração leve, pois sabe que a partir de agora, eles serão uma verdadeira família.

Essa postagem faz parte da Blogagem Coletiva - Sentimentos e Emoções, proposta pela Glorinha do blog Café com Bolo. Hoje falamos sobre Perdão e foi a última de uma série de oito.

beijos

20 comentários:

chica 17 de setembro de 2010 às 06:49  

Sempre chega a hora do perdão que só vale se passa pelo coração.Deve ser real mesmo.Lindo!beijos,tudo de bom,chica

Unknown 17 de setembro de 2010 às 07:48  

Macá

Venho despedir-me desta blogagem colectiva e só não participo porque recentemente (1 Setembro) fiz um post no 'Cova do Urso' sobre o tema 'perdão'.

Adorei a sua mensagem.

Vou sentir saudades destas blogagens coletivas da Glorinha, em que todos nos juntámos.

Abreijos (abraços + beijos)

António

Isadora 17 de setembro de 2010 às 10:37  

Ai Macá, mais que história linda, de tirar o fôlego. Que bom que esta teve esse final feliz e lindo, pois muitas vezes não acontece dessa maneira, e apenas juntamos os cacos de nosso coração e seguimos por aí buscando a tão sonhada felicidade. E a verdade é que muitas vezes encontramos. Que bom!
Um beijo

Liza Souza 17 de setembro de 2010 às 10:43  

Macá, linda história! Perdoar nao é fácil mesmo, mas o perdao sempre nos leva ao caminho da felicidade.
Beijos

Leci Irene 17 de setembro de 2010 às 11:01  

Macá, eu já estava batendo no cara. Por momentos pensei ser o tipo de homem que existe em abundancia - os que queres só usar as mulheres. Mas, fiquei pasma com a reviravolta na história! E fiquei feliz também!

Glorinha L de Lion 17 de setembro de 2010 às 11:14  

Macá minha amiga linda! quem tem um coração sensível, sabe a hora de perdoar. Acho que no fundo, todos sabemos. Linda estória de amor e perdão. Beijos amada!

Astrid Annabelle 17 de setembro de 2010 às 12:33  

Nossa Macá!
Chegou em um ponto onde perdi o fôlego!!!
Acabou tudo bem, uffa... e que final grandioso...com a energia do perdão fluindo generosamente!
Linda história. Essa bateu lá dentro!!!
Beijo grande querida!
Astrid Ananbelle

Unknown 17 de setembro de 2010 às 13:20  

Macá,

Muito bom o texto, adorei...

E fechar com Nara Leão, nossa, há quantos anos não escuto Nara...

Perdoar é um ato de amor, divino...

Beijos,

Françoise 17 de setembro de 2010 às 14:57  

Linda história de perdão. E com um final feliz, ufa!!!! Fiquei sem folego!!!

Abraços,
Fran

Gina 17 de setembro de 2010 às 15:32  

Macá,
A gente vai lendo e se envolvendo com a história, que teve um final surpreendente.
Terminei emocionada!
Bom final de semana.

Lúcia Soares 17 de setembro de 2010 às 16:11  

Na realidade, Macá, sem saber ela já o tinha perdoado ao aceitá-lo de novo.
O perdão tem que ser assim, saído do coração.
Muitas vezes ao não perdoar, estamos impedindo o outro também de ser feliz.
Ela não se entregava verdadeiramente até que não teve dúvida da alegria dele. E ele devia estar se desdobrando pra fazer de tudo para que ela acreditasse nele.
Linda história. Que bom que com final feliz.
Beijo!

17 de setembro de 2010 às 16:59  

Lindo final feliz, proporcionado pelo perdão. Muito bom seu post Macá.Bjoss

Tati 17 de setembro de 2010 às 17:34  

Macá! Você sabe o quanto gosto de seus contos, né?
São vibrantes!!!
Que linda história de amor, mas posso dizer o que ficou para mim? Nem foi bem o perdão, foi uma outra coisa que ouvi um dia: atos iguais geram reações iguais. Quer mudar, mude a ação. E foi o que ela fez! Deu certo!
Beijos.

Anônimo 17 de setembro de 2010 às 19:00  

Oi Macá. Adorei o seu conto. Sinceramente? Tenho certeza que ele sempre a amou.... mas existem pessoas que nascem para serem pais. Nunca, nunca, nunca um filho seria uma má notícia. Não importa em que situação. Tem gente que é assim, acredita?

Anônimo 17 de setembro de 2010 às 19:00  

Oi Macá. Adorei o seu conto. Sinceramente? Tenho certeza que ele sempre a amou.... mas existem pessoas que nascem para serem pais. Nunca, nunca, nunca um filho seria uma má notícia. Não importa em que situação. Tem gente que é assim, acredita?

Beth/Lilás 17 de setembro de 2010 às 19:35  

Macá !
Só pude chegar agora, mas gostei do texto com final de perdão.
Esse negócio de perdão é mesmo difícil para nós humanos, porque às vezes dizemos que perdoamos, mas fica lá aquele ranço, as lembranças.
O bom mesmo é viver a vida com cuidado para nunca ter que pedir perdão. Mas se tiver, que seja de coração.
bjs cariocas

Maria Santos 17 de setembro de 2010 às 23:34  

Macá, que emocionante, como sempre voce~escreve posts que agente devora, quer saber logo o que acontece depois.Linda história de amor e perdão, adorei.
Bjs

pensandoemfamilia 17 de setembro de 2010 às 23:38  

Belo conto e com um final feliz em que o perdão pode vir pacientemente.
bjs

Nilce 18 de setembro de 2010 às 02:57  

Oi, Macá

Perdoar requer tempo e deve partir do coração.
Linda história com muito amor e o perdão verdadeiro.

Bjs no coração!

Nilce

Deia 20 de setembro de 2010 às 14:34  

Oi Macá! Sempre um conto lindo, minha querida! quantas escolhas na vida! Quantos magoados pelo caminho (inclusive nós mesmas). Quanto sentimento solto, errante, a procura de casa. E o perdão vem, sempre, na hora certa. No momento apropriado, toma-nos de assalto e pensamos "melhor assim." Querida, não vou deixar jamais de lhe visitar, não sei se você reparou, mas sou sua seguidora, venho sempre lhe ver cada vez que você posta algum texto novo! Um beijo, Deia

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