Envelhecer não tem nada de bom

>> terça-feira, 29 de março de 2011


NÃO, Não e não........ eu não gosto ( e sinceramente) não queria envelhecer.
Mas como o contrário disso é morrer, acho que não vou reclamar e continuar vivendo, sem sofrer.
Existe uma quantidade enorme de livros para tentar ajudar as pessoas nessa fase da vida; selecionei apenas alguns:

"Pare de envelhecer agora"
"A arte de envelhecer"
"Aprender a envelhecer"
"Aprender a envelhecer com sabedoria"
"Envelhecer sem ficar velho"
"A sublime arte de envelhecer".

Nunca li nenhum deles. E como envelhecer é um processo irreversível, levo minha vida sem pensar o quanto estou ficando mais velha, não tento usar roupas ou subterfúgios pra parecer uma menininha, agradeço sempre por ter saúde, não me mato em regimes, mas confesso que, se pudesse parar no tempo seria bom. Assim, como estou, não preciso mais do que isso rsrsrsrsrs.
A semana passada (20/03) o Jornal A Folha de São Paulo, publicou em sua revista semanal, esse artigo da Bárbara Gância.

"Envelhecer não é exatamente um passeio no bosque sobre um manto de margaridas. Estamos falando de atividade que exige controle emocional de ninja e boa forma física. Envelhecer é coisa de gente grande. Não pretendo desencorajar quem ainda não entrou nessa fase da vida nem soar materialista, mas serão necessárias doses maciças de sabedoria para quem queira conduzir a entrada na terceira idade com uma pitada de dignidade. Confesso que não tenho dado conta do recado com a devida elegância.
Estou naquela parte do processo em que já encaro como rotina --e sem ter de ingerir um copo d'água com açúcar-- o surgimento, da noite para o dia, de um novo cabelo branco, geralmente em formato de saca-rolha e localizado no cocuruto da cabeça, na ponta do queixo, do nariz, da língua ou em alguma outra inesperada protuberância inglória do corpo humano.

Tampouco me assusta a panorâmica da plantação de brócolis que avisto quando me vejo indo de marcha a ré em direção ao espelho. Não sou de pregar peças em meu imaginário nem de me deixar abater por aquilo que fica abaixo de mim. Ou atrás de mim, no caso.

Muito mais grave do que a visão do inferno de me ver indo embora é o exercício que tenho sido forçada a praticar, de lembrar de onde conheço os amigos carecas, desdentados, cheios de pregas, arestas e/ou capitonês em quem esbarro nos sites de relacionamento e que estou certa de um dia já ter beijado na boca. "Esse aí está me parecendo tão familiar... Será que...?" E bote pensamento nublado no vazio do meu esquecimento. A falta de memória que aflige quem já dobrou o cabo dos 50 anos bem vividos pode ser um inverno gélido e assombroso.

Mas o pior de ficar velho é que a gente não envelhece. Continuamos exatamente os mesmos beócios de sempre. Só que mais feios, mais carcomidos e menos funcionantes. E ainda por cima mais pobres.

Calma, que a vovó Donalda explica: se eu tivesse de escolher entre os males que acometem a quem vai avançando nos anos aquele com o qual tive maior implicância, diria que foi desembolsar o equivalente a um MacBook Pro por um par de óculos multifocais. Não sei o que nos espera no dia em que tiver de encarar as fraldas contra a incontinência, mas vamos fazer a coisa um dia de cada vez, que tal?

Não me traz conforto algum saber que a Carolina Ferraz e a Sharon Stone estão circulando de óculos iguais aos meus. Não digeri o fato de que terei de desembolsar mais quatro prestações de um acessório que esqueço por aí como se fosse guarda-chuva e que, ainda por cima, me deixa com cara de nova-iorquina mal comida.

De coisa cara a gente logo gosta, não é mesmo? Não é o caso das tais preciosas lentes multifocais. Sabe kabuki, curling, canto lírico e arroz-doce? Pois é mil vezes mais fácil acostumar com eles do que com as lentes.

Quando fui buscar meus óculos multifocais, já tratei de chegar à ótica com uma cartela de remédio antienjoo no bolso. Havia sido avisada da confusão mental que me acometeria nos 15 dias seguintes.

E realmente passei a viver como se estivesse dentro de um desenho do Escher. Não sabia se lia ou se descia a escada. Toda vez que olhava para baixo, os óculos me convidavam à leitura. Mas eu só quero achar o próximo degrau, ora bolas!

Até hoje penso duas vezes antes de virar a cabeça com rapidez. Não me atrevo a pensar no que vai acontecer quando tiver de assistir a um páreo no Jockey Clube, a uma partida de tênis ou a uma corrida de carro.

Quem sabe eu não devesse usar minha "prótese" para ficar trancafiada no sótão admirando as fotos da época em que eu tinha cintura? O quê? Vai dizer que sou a única com dificuldade de envelhecer com leveza e dignidade?"

Não Barbara, não é só você, os meus óculos com lentes multifocais, as melhores do mercado conforme a propaganda, ainda estão no estojo. Tentei, juro que tentei usá-lo algumas vezes, sem sucesso. Vou tentar outras, com certeza, mas por enquanto continuo com o meu velhinho cor de rosa, que me fica bem mesmo meio riscadinho. O único problema é que ele não tem chip, para eu achá-lo com mais facilidade todas as vezes do dia em que o esqueço em algum lugar. Acho que é negação, vontade de não precisar usá-lo não?
beijos

Fotos: Google.

17 comentários:

Astrid Annabelle 29 de março de 2011 às 18:02  

Ah! Como é gostoso ler um bom texto Macá!
Vou completar meia três e não me sinto velha..ah! mas não mesmo!
Nem sei de cabelos brancos...tenho luzes que escondem esse assunto.
E o corpo não está maravilhoso mas até que dá pro gasto...
O Dr. Deepak Chopra em um dos seus livros, não me lembro qual, afirma que envelhecemos por imitação porque achamos que assim deve ser.
Sei lá...
Estava com saudades suas menina!!!
Beijão.
Astrid Annabelle

Palavras Vagabundas 29 de março de 2011 às 18:11  

kkkkkkkk
Envelhecer tem que ser com graça e rindo das próprias mazelas. Não tenho problema com os óculos multifocais, afinal os uso há pelo menos 30 anos (tenho astigmatismo e miopia em ambos os olhos), só que agora eles também são para vista cansada, rs O que eu queria mesmo era o chip, pois os perco pelo menos umas 20 vezes por dia.
bjs
Jussara

Misturação - Ana Karla 29 de março de 2011 às 18:48  

Nossa Macá, curti cada palavra desse texto.
Acho que a velhice vai se encaixando com alegria.
Confesso que fisicamente sou atraída pelas rugas, ou seja, acho mesmo um charm, que somente com uma certa idade vamos adquirindo.
Ainda não uso óculos, mas se for hereditário, meu pai veio a usar bem tarde. rs

Grande texto.
Xeros

Eliane Pechim 29 de março de 2011 às 20:10  

Também acho que envelhecer não são flores, nem é tão fácil como hoje tentam nos convencer que é, mas não precisa necessariamente ser uma tragédia. Eu não vivi crises de passagem ainda: não tive uma aos 20, nem aos 30 e, mais recentemente, nem aos 35. Como você, vou vivendo minha vida sem pensar muito no processo de envelhecimento em si. Hoje, aos 36, o que mudou foi minha percepção de como o tempo passa rápido e de como é importante cuidar de mim mesma, por dentro e por fora, corpo e mente. Mas não faço isso com paranóia nem intenções de parecer que tenho 20 anos de novo. Honestamente, não troco meus trinta e meio por meus vinte e meio de jeito nenhum. A vida é aceitação: dos altos e baixos, das mazelas, mas também do reconhecimento de que cada fase da vida nos traz um tremendo aprendizado e sabedoria. No fim, se a gente tem o privilégio de envelhecer sem doenças terríveis, já é uma dádiva. Um beijo! P.S.: adorei o post!

Beth/Lilás 29 de março de 2011 às 21:19  

KKK Que barato esse texto, gostei por demais!
E eu também nunca li nenhum tipo de livro como estes aí acima. Estou ficando velha, mas ainda estou feliz, vou levando a vida, não ligo muito pra ficar pensando em idade.
Quanto aos seus óculos bifocais eu imagino o quanto sejam difíceis, todo mundo reclama, mas depois se acostumam. Vai tentando em casa para não dar vexame na rua. haha
E, obrigada pelos votos que deixou pra mim hoje, valeu!
bjs cariocas

Nilce 29 de março de 2011 às 23:00  

Oi Macá querida

Que texto interessante e gostoso de ler.
Envelhecer faz parte da vida, mas também confesso que queria ter tudo o que tenho, menos a idade.
A impressão é que tenho tanta coisa ainda para fazer e não tenho tempo. É pintar cabelo, fazer exercícios, exames de controle. Cremes nem uso e ler livros assim nem pensar.
Se puxar as mulheres da família chego a quase 90. rsrs
Óculos ainda não preciso, mesmo tendo completado 51, porque fiz cirurgia de miopia há mais de 20 anos e vai demorar um pouco.
Mas, se não quisermos morrer antes temos que aceitar o envelhecimento, mesmo sem querer.

Bjs no coração!

Nilce

Reg 30 de março de 2011 às 05:44  

Oi Macah, eu nao estou gostando nada dessa hestoris de envelhecer, nao estou me dando bem!! cada dia a gente tem uma coisa, mas apesar disso, eu com 50 nao tenho rugas!!!!!!!!!!eba!!!!! mas os oculos sao de amargar viu!!! e vc um pouco mais velha que eu continua linda!!! beijos mil

Roberta de Souza 30 de março de 2011 às 09:07  

É...
complicado isso...
Eu tb nao queria envelhecer, mas fazer o que né?

bj

pensandoemfamilia 30 de março de 2011 às 13:21  

Olá Muito bom texto, se me permite vou repassá-lo.
RTem um convite lá no meu espaço. Confira, vê se lhe agrada. para mim será uma satisfação .
bjs

RUTE 30 de março de 2011 às 14:12  

Oi Macá,
sabe que já ando me preparando faz tempo!
Agora encaro bem, envelhecer. Só peço saúde mas faço algo por isso, mais que não seja através da alimentação.
Julgo que envelhecer é acima de tudo, aceitação. Como tantas outras coisas na vida, não é mesmo?
Mas envelhecer também é sinónimo de sabedoria. Não trocava meus quase 40 pelos 20! Nossa, como eu era imatura e receosa.
Envelhecer faz parte do processo de amadurecimento, de acumulação de saber. Só é ruim envelhecer quando não se aprendeu nada na vida, quando não temos nada de valioso para dar aos outros (não falo no material, claro!). Admiro muito pessoas idosas detentoras duma bagagem de conhecimento brutal graças à sua experiência de vida.
Por isso, é lindo envelhecer, porque é lindo viver.
Amo a vida.
Beijo grande!
Rute

Lu Souza Brito 31 de março de 2011 às 10:50  

Oi Macá,

Acho que envelhecer não deve ser mesmo fácil. O que temo mais é pela saúde - a minha que desde cedo nao é muito boa devido a artrites e consequencias dos remedios que uso para tratá-la.
Você vai rir, mas tive uma crise aos 27 (tenho quase 29), comecei a ficar paranoica com rugas e 1 unico fio de cabelo branco.
Depois desencanei. Me cuido para ter mais saude e disposição sempre. Hoje percebo que a vida passa rápido, se me amarrar em bobagens, vou chegar aos 80 sem ter feito metade do que gostaria, apenas reparando em números (idade, peso) e nas marcas deixadas no corpo.

Um abraço

Socorro Melo 31 de março de 2011 às 13:36  

Macá,

Que texto interessante! Devorei-o. Nunca li nenhum desses livros, e confesso que não me atraem. Creio que devemos aceitar a velhice, infelizmente não há outro jeito,e encarar com naturalidade. É mais uma das fases da vida, e deve ter sua graça também. Tentar criar uma rotina adequada, e ser bastante otimista. E ri das próprias limitações.
Quanto aos óculos, já fiz a experiência, e odiei. Não me adaptei e troquei rapidinho pelas lentes comuns, kkk.

Beijos, amiga
Socorro Melo

Luma Rosa 31 de março de 2011 às 16:48  

Eu lá no fundo ouvindo a Marisa Monte cantar: "não é fácil, não é fácil..." Sim, esqueço toda a letra da música e só no repeat "não é fácil, não é fácil..."

Mas todo dia de manhã não tomo o café amargo, prefiro docinho!! Prefiro adoçar a vida e não pensar tão realisticamente sobre o envelhecimento. Sei que o envelhecimento é o resultado de uma poupança que acumulamos a vida toda e espero acumular bons pensamentos, para não me tornar alguém amargo - sou viciada em café, mas não do seu amargo!

Tenho medo de comentar certas coisas e ser mal interpretada, mas veja que comento sob a minha experiência - não sei ser imparcial somente para agradar.

Envelhecer bem tem muito a ver com quem está do nosso lado, com quem convivemos. Todos envelhecem juntos - pais, irmãos, parentes, maridos, filhos e por presunção imaginamos que essas pessoas deveriam entender o envelhecimento de cada um - enxergar o próprio envelhecimento, ver no outro o envelhecimento e encontrar cumplicidade até nisso!

As vezes me pego olhando os casais mais velhinhos - filhos criados e sem a escravidão da vida sexual - e penso: Agora eles são amigos!

Envelhecer é muito ruim quando somos obrigados a conviver com pessoas que não temos intimidade - principalmente quando ficamos sem saúde e dependentes. Quero morrer antes das pessoas que amo, para que não perca a minha dignidade, essa dignidade qeu a Barbara Gancia mencionou.

Como não temos um botãozinho de liga/desliga e temos que esperar a vontade do Altíssimo... bora fazer musculação e exercícios ortópticos?

Beijus,

Iram Matias 31 de março de 2011 às 17:39  

Fiquei encantada com o texto.
É uma meleca envelhecer, mas o pior é morrer jovem. Por isso, eu quero mais é envelhecer e fazer bodas de ouro velho com o meu maridinho. rsrsrsrs.. maravolhoso seu post Malu.
Beijos

Anônimo 31 de março de 2011 às 23:31  

a coisa mais chata que acho chato no processo de envelhecer é a senilidade, perder o vigor físico, essas coisas. o negócio é se cuidar, pra mente e o corpo não perderem o vigor. o resto, a gente manda consertar no funileiro hehehe
ótimo post, Macá!
bjs, bom dia, gosto muito de vc

Lúcia Soares 2 de abril de 2011 às 10:33  

Macá, o chuveiro: eu querooooo! rsrs

Sobre o texto, claro que ela exagerou um pouquinho.
Envelhecer não foi problema pra mim, tiro de letra.
Quanto aos óculos multifocais, uso há anos e nunca tive problema algum, nem da primeira vez. Não estranhei nada, não tive tonturas, nenhuma dificuldade pra achar o foco certo.
O que aprendi com eles é que não podem ser muito pequenos (estreitos) senão o campo de visão fica comprometido. Por isso detestei o mais novo que fiz, que ficou com lentes maiores, enxergo lindamente (rsrs) mas não são bonitos esteticamente.
Modernidade e multifocais são descombinantes! rsrs
Mas envelhecer com saúde, alegria e paz de espírito é bom, sim.
Inevitável, então é ter sabedoria pra aceitar. Fazer o quê, né?
Beijos!

Luna Blanca 3 de abril de 2011 às 20:23  

Envelhecer é inevitável, mas não devemos pensar nisso, vamos viver até o último suspiro. Fica na paz.

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