Mulheres ricas tomaram o país

>> sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Eu tentei, juro que tentei! Mas.... não deu. 
É muita abobrinha pra uma pessoa só, ou, várias, como é o caso das 5 "Mulheres Ricas".
Todo mundo sabe do que estou falando aqui, não sabe? Porque eu me recuso a colocar mais fotos do que a mídia já tem mostrado. Não que o meu blog seja visto por milhões de pessoas, mas eu não quero guardar pra mim essas imagens.
Pessoas que pensam só em si; será que algumas delas, entre um champanhe e outro, coisa que fazem o tempo todo (será que ricos são assim mesmo? du-vi-do) pensa em destinar uma parte para alguma campanha de solidariedade?
Enquanto uma vive dizendo "Ai, que loucura" pra qualquer coisa, uma outra diz "Ai, que delícia" numa aula de tiro ao imaginar ter acertado a cabeça de um bandido.
Delícia? foi isso mesmo que ela disse? Pior: foi.
Tudo bem, muitas vezes eu mesma, num momento de pura raiva, ao ver inocentes sendo torturados por bandidos imagino como seria bom se eles sofressem a mesma coisa. 
Mas isso é um momento, pronto, passou. Logicamente eu sei que não é assim que funciona, mas...... delícia?
Então o que eu acho é que desse programa, mesmo sem precisar assisti-lo, é que a gente pode tirar algumas lições:
- que o importante na vida é SER, e não TER, que é o que elas pensam;
- sei que pelo menos uma delas foi uma moça super simples. Então, a gente deve tentar SER mais alguma coisa e pode-se sim chegar lá, basta ter garra, determinação (um pouco de sorte ajuda também) e reconhecimento.
- tratar os outros como a gente gostaria de ser tratado. Os novos ricos ou os que se tornaram ricos, geralmente olham as pessoas de cima pra baixo, fazendo com que se sintam realmente inferiores.
Ah! me lembrei de outra coisa que eu li.
Tem uma dessas 5 que dá água francesa para seu cachorrinho, e, pasmem...... em uma taça.
Hello! Taça para cachorro? Pode?
* * * * *
Não vi tanta diferença assim 
entre minhas novas amigas
da penitenciária e as antigas
do Jardim Europa
* * * * *
E por falar em "Mulheres Ricas", nesta semana estive na Penitenciária Feminina 2 de Tremembé (SP) conversando com as presas.
     Sabe como é, Narcisa anda muito ocupada com a preparação do Carnaval, Celita, me disseram, vai passar uma temporada em Paris e parece que Lucila está embarcando com Jorge e os filhos para uma temporada de esqui -o que fazem muito bem porque a neve este ano está divina e abundante.
     Então sobrei eu aqui sem ninguém para papear, uma sina mortal para uma matraca-traca que não consegue calar-se nunca.
     E meu negócio, você sabe, é ser ouvida por gente como eu, que tenha alma de mulher rica. Se tirar minha cutícula enquanto conversamos, então, é capaz de eu entregar todos os meus bens terrenos à minha interlocutora.
     Mas como só dá para fazer a unha uma vez por semana, resolvi aceitar o desafio proposto por uma equipe de TV: fazer uma reportagem com as presas no xilindró novinho em folha do complexo de presídios que o Geraldo inaugurou lá perto de Taubaté.
     Tem ali cada cadeia linda que só vendo, deve ter dono de construtora rindo a caminho do banco. São Paulo, Estado de visão, soube enxergar que miséria e violência podem ser uma indústria lucrativa. Agora deveriam tratar de exportar o know-how para o mundo. Polo industrial de presídios do Geraldo: um Brasil que pensa grande.
     Quem passou temporada numa das cadeias desse lustroso complexo foi o Edemar (amigo do Jorge e da Lucila, olha só que mundo pequeno). Noutra estão a Nardoni e a Suzane von Richthofen. Lindérrima ela, se a vida não a tivesse desencaminhado, poderia ter sido garota-propaganda dos tubos e conexões de PVC Tigre, não poderia?
     Mas Nardoni e Susie não são aceitas na penitenciária que visitei. O povo da Feminina 2 de Tremembé não quer saber de gentalha de quinta, só lidam com garotas de terceira e quarta linhas. Daí eu ter sido acolhida com tamanha simpatia. Todo mundo veio ter comigo de pés e mãos bem manicurados, de lacinho no cabelo, uma graça. Parecia cadeia de filme americano. Também. Com o tempo de sobra que elas têm nas mãos, estresse não é o maior problema que a turma enfrenta.
     É nesta parte que algum obtuso irá interromper meu relato para invocar os famigerados "direitos humanos para bandidos" ou quem ele acha que defende esses direitos superespeciais que não prevalecem para o cidadão comum, mas que existiriam para criminosos.
     Ainda há quem não perceba que miseráveis são forçados a viver em confronto constante com a autoridade policial sem ter como se defender. E que continuam sem proteção depois de receber penas exageradas por delitos insignificantes.
     Mas o que nos importa aqui é que passei o dia falando com a mulherada e a história se repetia: quase todas foram seduzidas por um amor bandido e a promessa de dinheiro fácil. A maioria está presa por tráfico, as mais gaiatas por levar drogas ao companheiro encarcerado.
     Vem cá: é para enjaular pobres diabas que sonham em consumir como Narcisas que estamos construindo esse monte de penitenciária? Bem, eu não vi tanta diferença assim entre minhas novas amigas e as antigas do Jardim Europa. No fim das contas, o movimento é parecido: todas querem ser "Mulheres Ricas" e fazem o que podem para chegar lá.
barbara@uol.com.br
@barbaragancia



beijos 
e um excelente final de semana

7 comentários:

Lúcia Soares 10 de fevereiro de 2012 às 15:02  

Macá, sempre estou na contra-mão...Assisto ao programa, desde o primeiro episódio (acho que já passaram 5 ou 6) e sei de um montão de gente que assiste e diz que não. Assisto por curiosidade mesmo, pra criticar, pra entender como cabe tanta futilidade, tanta pobreza de espírito naquelas cabeças...
Rica ali, de nome e tradição, (não sei se tem $$$ ainda), só a Narcisa.
A Val e a Lydia não me parecem ricas de berço, de jeito nenhum. A Val, já se sabe, é alpinista social, acho que ninguém a suporta mais nas festas de rico mesmo. Ela é a típica nova-rica, deslumbrada. E a Lydia é muito boba, muito segura de ser rica, acho que trabalhou para sê-lo e agora colhe os louros. Um mundo fútil e vazio, o delas.
A Brunette, o que é aquela Barbie da terceira idade? rsrs Só a Débora tem os pés no chão, em matéria de gastos, pq ela sabe o que é não ter dinheiro.
O programa foi gravado em outubro e novembro do ano passado, elas não se veem, não se falam, (exceto a Débora, que já se encontrou algumas vezes com a Lydia e a Brunette). Então, não disseram a que vieram. O mundo dos verdadeiramente com dinheiro não pode ser uma coisa vazia, só de compras, beleza, champagne, viagens...Isso não é vida digna para ninguém, né?
Mas assisto, gosto de conhecer todas as possibilidades do ser humano. Não me afeta em nada, mas pode ser prejudicial para os mais jovens, achar que a vida é só isso, né?
Beijo!

Lúcia Soares 10 de fevereiro de 2012 às 15:03  

O texto da Barbara Gancia está ótimo! Bj

Isadora 10 de fevereiro de 2012 às 19:14  

Macá, conheço várias pessoas que tem assistido ao programa (inclusive muita gente do trabalho) e vira motivo de conversa no dia seguinte, Eu escuto uma coisa aqui e outra acolá, mas não assisto (também não ligo para quem assiste), mas meu tempo anda muito preciso e qualquer momento em que eu possa dispor dele prefiro pegar meu livro, ficar com a minha filha e meu marido vendo algum programa juntos.
Beijos

Anne Lieri 10 de fevereiro de 2012 às 19:53  

Macá, não ´poderia expressar melhor do que vc o que senti ao assistir um dia esse programa Mulheres ricas!Não pensam nos outros, só em si mesmas, se alfinetam por tras e pela frente se paparicam....não entendo!Tb prefiro as moças da penitenciaria!bjs e pode pegar a poesia que quiser nos merus blogs!É uma honra!

Ana Regiane Ivanski 11 de fevereiro de 2012 às 12:46  

Oie!
Na verdade tenho assistido cada vez menos TV.

Passei para desejar um ótimo final de semana!
Minha alma anda mais colorida do que nunca...Qual cor está a sua?
Beijos
Regiane

Luci Cardinelli 12 de fevereiro de 2012 às 06:55  

Querida, por conta das pessoas ficarem tuitando sobre as mulheres ricas, eu fui dar uma olhada... morri!!!

A Bárbara colocou bem a comparação entre elas e as presas. E sobre o motivo que leva a maioria prá cadeia, é uma pena, mas a visão de ter vida fácil acaba com a vida de muita gente.

beijos e ótima semana!

sheyla xavier 12 de fevereiro de 2012 às 20:25  

Macá, mulher, nem sei que programa é esse, mas pelo que vi, deve ser um reality ou coisa parecida.E ainda bem, pois não estou perdendo nada. Tanta gente por ai precisando de muita coisa, é revoltante, não? Gostei do ponto de vista da jornalista.
Um beijão, bom carnaval por ai.
Sheyla.

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